Mario Quintana

"Todos estes que ai estão atravacando meu caminho,eles passarão,eu passarinho"

Pra saber que é amor, não é preciso um beijo. Basta o coração pulsar forte só em pensar, se avermelhar ao ver,guaguejar ao conversar,suspirar ao imaginar. E imaginar. Pra saber que é amor. (Dona Geo)

Ossian o bardo é triste como a sombra Que seus cantos povoa. O Lamartine É monótono e belo como a noite, Como a lua no mar e o som das ondas Mas pranteia uma eterna monodia, Tem na lira do gênio uma só corda, Fibra de amor e Deus que um sopro agita: Se desmaia de amor a Deus se volta, Se pranteia por Deus de amor suspira.Basta de Shakespeare. Vem tu agora,Fantástico alemão, poeta ardente Que ilumina o clarão das gotas pálidas Do nobre Johannisberg! Nos teus romances Meu coração deleita?se. . . Contudo Parece?me que vou perdendo o gosto,Vou ficando blasé, passeio os dias Pelo meu corredor, sem companheiro,Sem ler, nem poetar. Vivo fumando.Minha casa não tem menores névoas Que as deste céu d'inverno. . . Solitário Passo as noites aqui e os dias longos;Dei?me agora ao charuto em corpo e alma;Debalde ali de um canto um beijo implora,Como a beleza que o Sultão despreza,Meu cachimbo alemão abandonado! Não passeio a cavalo e não namoro;Odeio o lansquenê. . . Palavra d'honra:Se assim me continuam por dois meses Os diabos azuis nos frouxos membros,Dou na Praia Vermelha ou no Parnaso.

— Que veux-tu, fleur, beau fruit, ou l'oiseau merveilleux?— Ami, dit l'enfant grec, dit l'enfant aux yeux bleus,Je veux de la poudre et des balles. VICTOR HUGO - Les Orientales. Que tens criança? O areal da estrada Luzente a cintilar Parece a folha ardente de uma espada. Tine o sol nas savanas. Morno é o vento. À sombra do palmar O lavrador se inclina sonolento. É triste ver uma alvorada em sombras,Uma ave sem cantar,O veado estendido nas alfombras. Mocidade, és a aurora da existência,Quero ver-te brilhar. Canta, criança, és a ave da inocência. Tu choras porque um ramo de baunilha Não pudeste colher,Ou pela flor gentil da granadilha? Dou-te, um ninho, uma flor, dou-te uma palma,Para em teus lábios ver O riso — a estrela no horizonte da alma. Não. Perdeste tua mãe ao fero açoite Dos seus algozes vis. E vagas tonto a tatear a noite. Choras antes de rir... pobre criança!...Que queres, infeliz?...— Amigo, eu quero o ferro da vingança.

Aquele doce que ela fazquem mais saberia fazê-lo? Tentam. Insistem, caprichando.Mandam vir o leite mais nobre.Ovos de qualidade são os mesmos,manteiga, a mesma,iguais açúcar e canela.É tudo igual. As mãos (as mães?)são diferentes.

Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz. Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas.Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Ás vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.E eu me sinto completamente feliz. Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.


Só você me faz sorrir, naqueles momentos em que penso que o mundo vai acabar, Só você me anima, me tirando do fundo do posso, Só você entende o que digo, o que falo, e o que penso, Só você sabe satisfazer minhas carencias, me mimando, fazendo caricias, e o mais importante... é que posso retibuir tudo isso com poucas palavras Eu Te Amo!!!

és sem destino Rumo incerto Mãos dançantes Querer flamejante Lábios de fogo De um ardente louco Espírito livre que a carne encerra A semente. O pó. Dedos nus sobre a relva Saia perdida segue em rubra sorte sem norte, sem dor sem culpa, sem nada só gozo vaga pela estrada À forte ventania Ecoa um gemido Minha alma cigana dispara e basta-lhe dançar